Glossário de termos técnicos

Acelerador eletrônico (drive-by-wire): comando de acelerador em que o movimento do pedal é transmitido para a central eletrônica do motor. Esta então analisa o movimento e outras condições, como a rotação do motor, para comandar a abertura da borboleta de aceleração, que é feita por um motor elétrico. Além de eliminar o cabo, que pode se desgastar ou transmitir vibrações vindas do motor, o sistema facilita obter suavidade quando se acelera ou se tira o pé rapidamente, evitando trancos.


Acionamento de válvulas por alavanca roletada: sistema utilizado no comando de válvulas de alguns motores (como os atuais 1,0 e 1,6 da Ford, Renault e Volkswagen) que utiliza roletes nas alavancas tipo dedo, responsáveis por acionar as válvulas. A solução reduz o atrito e permite utilizar perfil de cames mais esportivo.


Árvore de balanceamento: espécie de eixo acionado por engrenagens, que gira em sentido contrário ao do virabrequim e em geral com o dobro de sua velocidade. O objetivo é anular as forças de inércia de segunda ordem, que provocam vibrações e aspereza ao motor.


Aspirado: ou naturalmente aspirado; diz-se do motor que não recorre a nenhum tipo de sobrealimentação, como turbo ou compressor mecânico. No motor aspirado o ar é admitido por aspiração natural e não "empurrado" por um sistema compressor. A expressão "aspirar o motor" não é correta, mas pretende referir-se à preparação efetuada num motor aspirado sem uso de sobrealimentador.


Assistência adicional de frenagem: sistema introduzido pela Mercedes-Benz, que o denomina BAS, corrige a aplicação insuficiente de pressão no pedal do freio pelo motorista, em freadas de emergência, ou compensa o alívio dessa pressão quando o pedal pulsa, por causa da atuação do antitravamento (ABS). Testes demonstraram que muitos motoristas incorrem nestes erros, desperdiçando o potencial de frenagem do automóvel. O BAS detecta a rapidez de acionamento do freio e amplia sua atuação, reduzindo os espaços de imobilização em até 45%, segundo a Mercedes.


Balanço: no sentido dimensional, é a medida entre o centro de uma roda e aquela extremidade do veículo. Portanto, a soma dos balanços dianteiro e traseiro à distância entre eixos resulta no comprimento total do veículo. A tendência atual é de balanços cada vez menores, pois o entreeixos vem crescendo na maioria dos automóveis sem alteração significativa no comprimento.


Barra de amarração: ou stress-bar, é um elemento metálico que interliga as torres de uma suspensão, a fim de reduzir a movimentação do chassi provocada pelas solicitações em curvas fortes. O objetivo é manter inalterada a geometria da suspensão, com ganho em estabilidade. Pode ser montada à frente ou atrás, bem como ser conectada a um terceiro ponto, estabelecendo uma triangulação que acentua seu efeito. Entre os carros nacionais equipa o novo Fiesta e equipava os Omegas 3,0 e 4,1.


Batente hidráulico: dispositivo aplicado ao amortecedor para suavizar o movimento de distensão (abertura) do componente, como ao passar por uma lombada de perfil alto ou descer de uma calçada. Sem ele, o amortecedor emite um ruído ao atingir o batente. Adotá-lo é providência relativamente comum no processo de adaptação de um carro à produção nacional.


Booster: equipamento ou sistema desenvolvido para aumentar, por certo período de tempo, a pressão de sobrealimentação de um motor. Seu uso normal seria para aumentar momentaneamente a pressão acima do projetado para o motor, afim de ter potência extra para uma arrancada ou retomada. Mas muitos preparadores preferem fazer motores dimensionados para a pressão de booster, prevendo que o usuário poderá utilizar esta pressão por um tempo prolongado.


Boxer: motor com cilindros opostos pela base, podendo ter apenas dois (como em motos BMW, Citroën 2CV e Dyna Panhard), quatro (Fusca, Porsches 356 e 912, a maioria dos Subarus), seis (Chevrolet Corvair, Porsche 911 e Boxster) ou mesmo 12 (Ferrari Testarossa, Berlinetta Boxer). A disposição tem como vantagens a baixa altura, que permite adotar um capô mais baixo (para melhor aerodinâmica) ou montá-lo em posição inferior no chassi (para baixar o centro de gravidade). O nome origina-se da semelhança do movimento de seus pistões ao dos braços de um boxeador durante uma luta. Normalmente é montado em posição horizontal, mas pode ser vertical, como em certos helicópteros mais antigos, de motor a pistão.


Câmara de combustão hemisférica: assim chamada porque seu formato é aproximadamente de uma semi-esfera, ao contrário de outras dos mais variados aspectos, tem como vantagem a posição central da vela de ignição, portanto eqüidistante de todos os pontos da câmara. Esta é a melhor condição para uma combustão por igual, um dos fatores que reduzem as possibilidades de detonação.


Câmbio 4+E: chama-se assim, com o E significando economia, o câmbio de cinco marchas em que a quinta, por sua relação longa, não permite aumento da velocidade máxima, esta sendo atingida em quarta. O efeito de uma quinta marcha longa é a redução das rotações em viagem, com benefícios ao nível de ruído e à economia de combustível. Em contrapartida, esse tipo de câmbio requer reduções de marcha mais freqüentes em aclives e ultrapassagens.


Cárter seco: sistema de lubrificação em que o óleo não fica depositado num cárter convencional, na parte inferior do motor, mas em um reservatório separado em outra localização do veículo. A maior vantagem é a possibilidade de montar o motor mais baixo no chassi, baixando o centro de gravidade e melhorando o comportamento dinâmico.


Cfm ou pés3/min: siglas para o inglês cubic feet per minute e sua tradução em português, pés cúbicos por minuto, são a medida americana de vazão, usada normalmente para indicar a capacidade máxima de um carburador.


Close-ratio: indica relações de marcha "fechadas", ou mais próximas entre si se comparadas às de um câmbio wide-ratio (relações afastadas). Um câmbio com essa característica provoca pequena queda de rotações nas trocas de marcha ascendentes, tornando-se adequado a motores mais esportivos, em que a potência e o torque máximo manifestam-se numa faixa de giros estreita.


Código de velocidade: especificação do pneu que define a máxima velocidade que o veículo pode desenvolver, com carga máxima e por um certo período, sem o risco de perder a banda de rodagem por causa da força centrífuga (que tende a expulsá-la do pneu). Na medida 185/60 R 14 H, por exemplo, é representada pela letra H, que por convenção significa 210 km/h.


Coeficiente aerodinâmico (Cx): valor que exprime a maior ou menor facilidade com que o veículo rompe o ar a sua frente. Quanto menor o valor, mais fácil esse rompimento e, por conseqüência, menor o consumo de combustível em uma mesma velocidade. Um bom valor hoje, em carros de passeio, é 0,30. Automóveis mais curtos em geral têm pior Cx, assim como picapes.


Coletor de admissão de geometria variável: possui dois dutos, um mais curto e outro mais longo. Uma borboleta, gerenciada pela central eletrônica, determina se o ar aspirado deve fazer um percurso ou outro. Se ela está fechada, o ar vai para o duto longo; se está aberta, vai para o duto curto. Uma vez que coletores curtos favorecem a potência e coletores longos melhoram o torque em baixas rotações, esse mecanismo faz com que o motor trabalhe sempre na configuração mais adequada ao regime de giros utilizado.


Coletor de escapamento dimensionado: feito de forma a permitir menor restrição ao fluxo de gases de escapamento e com a resistência ao fluxo igual para todos os cilindros. Isso não implica que o comprimento dos tubos seja o mesmo, mas que ofereçam uma mesma resistência. A nomenclatura AxB significa A tubos de entrada, em geral igual ao número de cilindros, e B tubos de saída, no final do sistema de escapamento. Por exemplo, 4x1 ou 4-em-1.


Comando de válvulas variável: sistema de controle das válvulas, responsáveis pela admissão de mistura ar-combustível e saída de gases queimados do motor, que atua em duas ou mais configurações (diagramas). No caso do VTEC da Honda, cada par de válvulas possui três ressaltos: dois iguais nas extremidades e um diferente no meio. Em rotações baixas e médias, apenas os ressaltos externos, "mansos", acionam as válvulas. Atingido um regime predeterminado, a pressão do óleo do motor, comandada eletronicamente, coloca em funcionamento o ressalto "bravo" central. O motor assume então um novo diagrama de comando, com maior abertura e levantamento, que transforma seu desempenho e o leva até rotações incomuns. Outras marcas possuem sistemas similares, como o Double VANOS da BMW e o VVTi da Toyota.


Controlador de velocidade de cruzeiro: ou controle automático de velocidade, é um sistema que mantém a velocidade estabelecida pelo motorista sem o uso do acelerador. Compensa, dentro do possível, as variações causadas pela topografia da estrada (subidas e descidas), além de se desligar ao ser pressionado o freio ou a embreagem. Também conhecido, de forma imprecisa, por piloto automático.


Controle de estabilidade (ESP): sistema de segurança destinado a corrigir derrapagens e recolocar o veículo na trajetória desejada. Atua reduzindo ou interrompendo a potência do motor e freando individualmente uma ou mais rodas, sem qualquer intervenção do motorista. No Brasil surgiu com o Mercedes Classe A e aos poucos vem equipando outros modelos, como Golf GTI e Stilo Abarth.

Desligamento automático de cilindros: sistema utilizado pela Mercedes em seus mais novos motores V8 e V12, que desliga quatro ou seis dos cilindros nos regimes baixos e médios de rotação. Representa economia adicional de até 15% a 90 km/h constantes, no caso do V8 de 5 litros. Os cilindros voltam a trabalhar de imediato se o motorista acelerar. O sistema diminui a potência máxima do motor, mas mantém o mesmo valor de torque máximo.


Desmodrômico: tipo de comando de válvulas que utiliza balancins de comando hidráulico, fixos aos comandos e às válvulas, tanto para abri-las quanto para fechá-las, dispensando as molas. Isso evita o fenômeno da flutuação de válvulas em alta rotação, permite aumentar a duração do comando, mantendo-as abertas por mais tempo, e adotar perfis de cames acentuados -- nos dois casos, melhora o enchimento dos cilindros.


Detonação: combustão espontânea da mistura ar-combustível após a ocorrência da centelha na vela de ignição. Leva ao aparecimento de mais de uma frente de chama, que ao se chocarem elevam subitamente a pressão e a temperatura na câmara de combustão. Provoca um ruído metálico ("grilo") que se assemelha ao de bolinhas de gude dentro de um copo -- no vocabulário comum, "batida de pino". É causada em geral por taxa de compressão muito elevada, ponto de ignição muito avançado, vela de especificação incorreta ou combustível de baixa qualidade. Se persistir por algum tempo, a elevação de temperatura pode levar a uma trinca no cabeçote, um furo na cabeça do pistão ou à fundição do cilindro.


Direção com assistência elétrica: sistema em que um motor elétrico substitui a bomba hidráulica da assistência convencional. Entre as vantagens estão menor consumo de energia do motor, ausência de fluido (o que reduz a manutenção e é benéfico ao meio-ambiente) e a facilidade ao fabricante de ampliar a assistência quando desejado, como no sistema Dual Drive do Fiat Stilo (um botão no console aciona a função City, que torna a direção 50% mais leve).


Eixo autodirecional: utilizado na suspensão traseira de modelos Peugeot e Citroën, entre outros, faz com que a roda externa à curva assuma posição convergente sob carga, ou seja, vire-se em pequeno ângulo na mesma direção das rodas dianteiras. Previne o sobresterço ou saída de traseira, comportamento de correção mais difícil, pelo motorista comum, que o subesterço ou saída de frente.


Eixo traseiro De Dion: construção para o eixo traseiro rígido em que o diferencial está suspenso e não incluído no próprio eixo, o que reduz a massa não-suspensa e melhora o comportamento da suspensão. Foi muito utilizado em carros de alto desempenho nas décadas de 60 e 70, quando suspensões traseiras independentes eram pouco comuns.


Eletroidráulica: tipo de assistência de direção em que a bomba é acionada por um servomotor elétrico, acoplado à coluna de direção, e não mais pelo próprio motor, via correia. Com isso, consome menos energia do motor e torna a assistência independente do regime de giros.


Estol: do inglês stall, indica o regime máximo de rotações que uma transmissão automática permite ao motor com uma marcha engatada e o veículo retido pelos freios. Em geral fica entre 2.000 e 3.000 rpm. Uma rotação de estol mais elevada permite aceleração mais rápida.


Fastback: traduzível por "traseira de queda rápida", é uma configuração de carroceria de dois volumes e com a traseira inclinada, tanto quanto num hatchback. A diferença entre estes é que no fastback o vidro traseiro não está incorporado à tampa do porta-malas. São exemplos: Volkswagen TL, Passat de duas e quatro portas.


Flutuação de válvulas: fenômeno que ocorre em rotações excessivamente altas, em que as válvulas não conseguem abrir e fechar com a rapidez necessária, tornando então irregular o enchimento e a exaustão de gases dos cilindros.


Fluxo cruzado: cross flow em inglês, é a configuração do cabeçote em que a admissão se processa por um lado e o escapamento pelo outro. Permite uma combustão mais perfeita e menores emissões poluentes. Como exemplo, o motor VW 2,0 importado (Golf, Bora, Beetle) possui fluxo cruzado, mas não seu equivalente nacional (Gol, Santana).


Injeção de óxido nitroso: popularmente conhecido por nitro, é um sistema de preparação que consiste em injetar um gás, o óxido nitroso (N2O), junto a uma quantidade adicional de combustível no motor. Ao entrar em contato com o calor da câmara de combustão, o N2O se dissocia em oxigênio e nitrogênio. O oxigênio atua então como comburente para o combustível e o nitrogênio resfria a câmara, ajudando a evitar a detonação ou a pré-ignição.


Injeção de óxido nitroso, configuração em coletor úmido: consiste em colocar o(s) injetor(es) do kit nitro antes da borboleta de admissão. Esta configuração é a mais simples, mas é a de menor eficiência, recomendada para kits com aumento de potência inferior a 120 cv. A expressão coletor úmido deriva do fato de a mistura injetada passar pel o coletor.


Injeção de óxido nitroso, configuração em coletor seco: consiste em colocar os injetores do kit nitro após a borboleta de admissão. Esta configuração é a mais complexa, mas atinge maior eficiência, sendo recomendada para kits com aumento de potência superior a 120 cv.


Injeção seqüencial: tipo de injeção de combustível multiponto que injeta a mistura em seqüência, no exato momento da admissão de cada cilindro (este momento varia ligeiramente, pois os pistões não se movem no mesmo exato momento). Permite ligeiro ganho de potência e redução no consumo se comparada à injeção multiponto simultânea, convencional. No Brasil foi introduzida em 1993, no Vectra GSi 2,0 16V, e hoje equipa a maioria dos motores a gasolina e a álcool.


Massa não-suspensa: compreende todos os componentes que não ficam suspensos pelas molas da suspensão do veículo, como rodas, pneus, discos e tambores de freio. Quanto menor essa massa, melhor o comportamento da suspensão em pisos irregulares, maior a aceleração e mais eficientes as frenagens.


Método carga: modo de condução em que se usa maior abertura de acelerador (carga) e menor rotação para obter o mesmo desempenho. É a forma mais econômica de se dirigir em motores do ciclo Otto (gasolina, álcool, gás natural) de quatro tempos.


Monobloco: estrutura em que chassi e carroceria formam uma única peça. Hoje utilizado em todos os automóveis, proporciona menor peso e melhor comportamento dinâmico que o tradicional chassi de longarinas, ainda bastante empregado em utilitários.


Octanas RON e MON: as octanas indicam a octanagem da gasolina, que representa sua resistência à detonação. Quanto maior a octanagem, menos provável a detonação, portanto mais elevada pode ser a taxa de compressão (para melhores desempenho e consumo) sem riscos para o motor. O método RON, utilizado pelos europeus, obtém números mais altos que o MON (nos EUA usa-se a média aritmética entre MON e RON). Pelos números RON, a gasolina Podium atinge 101 octanas, a premium 98 e a comum/aditivada 95. Pelo padrão IAD, usado nos EUA, a Podium tem 95 octanas, a premium 91 e a comum/aditivada 87.


Panhard: barra destinada a promover a locação transversal de um eixo de automóvel quando as molas são do tipo helicoidal. A barra Panhard une o eixo ao chassi. Com molas tipo flexão (lâmina única ou em feixe), são elas próprias que se encarregam da locação transversal.


Potência bruta: obtida em método de medição em que o motor fica dispensado de movimentar os sistemas de apoio, como alternador e bomba d'água, e é medido sem silenciadores que causem restrições no sistema de escapamento. Como esses sistemas consomem potência para funcionar, sua retirada na medição resulta em valor de potência bem mais alto. Mas o motor não pode trabalhar sem seus sistemas de apoio, nem o carro circular por ruas sem silenciador, o que levou a uma normatização a respeito. Os fabricantes passaram então a ter de divulgar a potência líquida, ou seja, aquela obtida com o motor movimentando todos os componentes.


Potência específica: fator expresso em cv/l (cavalos por litro) e obtido com a divisão da potência máxima pela cilindrada. Expressa o desenvolvimento do motor em termos de esportividade: quanto mais alta a potência específica, mais alto tende a ser o regime em que se observa o torque máximo, o que se reflete em menor força em baixas rotações.


Pré-ignição: muitas vezes confundida com a detonação, é a combustão espontânea da mistura ar-combustível antes do aparecimento da centelha na vela, daí não apresentar como sintoma o ruído metálico conhecido como "grilo". Leva a aumento de temperatura e pressão na câmara de combustão e queda no rendimento, podendo furar pistões, derreter velas ou fundir o motor. O sintoma é a brusca elevação da temperatura do motor estando todo o sistema de refrigeração em ordem.


Punta-tacco: ponta e salto (do sapato) em italiano, é um recurso utilizado para elevar a rotação do motor nas reduções de marcha, por meio de uma breve acelerada, antes de soltar o pedal de embreagem. Para essa acelerada enquanto se está freando, a ponta é colocada no pedal de freio e o salto (na verdade o lado direito do sapato) no acelerador. Assim, conseguem-se movimentar três pedais com dois pés. A técnica é muito útil também ao arrancar numa subida, dispensando o uso do freio de estacionamento.


Ram Air Induction: ou sistema de admissão induzida, consiste em uma tubulação de admissão que aproveitar a energia cinética do ar que vai de encontro à frente do veículo para induzir a admissão nos cilindros. O efeito é algo semelhante ao que faria um compressor tipo Roots ou blower, mas em escala bem menor.


Relação r/l: fator do projeto de motores que relaciona o meio-curso dos pistões (raio da manivela do virabrequim) e o comprimento das bielas (medido entre os centros dos furos). Se a divisão dessas grandezas superar 0,3, surgem forças que produzem vibração e aspereza no motor e prejudicam o desempenho, sobretudo em regime elevado.


Remapeamento de injeção: é a reprogramação do chip ("cérebro") do sistema eletrônico que controla a injeção e, em geral, também a ignição do motor. Se efetuado com critério, pode resultar em ganho de potência e torque da ordem de 10%, sendo um dos meios mais baratos de aumentar o desempenho de um motor a injeção. Pode também ser efetuado para adaptar o motor à instalação de componentes como um turbocompressor.


Resfriador de ar ou intercooler: sistema de troca de calor que pode ser adotado em motores superalimentados (com turbo ou compressor). Similar a um radiador, reduz a temperatura do ar que passou pelo compressor antes que se misture ao combustível. O ar frio é mais denso, ocupa menos espaço e por isso uma maior quantidade pode ser comprimida para dentro dos cilindros, o que aumenta o enchimento destes e, por conseqüência, o rendimento volumétrico. Também concorre para afastar o risco de detonação.


Sensor de detonação: sensor instalado nas câmaras de combustão, dentro dos cilindros, que detecta a ocorrência de detonação. A central eletrônica, então, comanda que o ponto de ignição seja atrasado até que cesse a detonação. Motores com esse recurso podem utilizar curva de ignição mais avançada e/ou taxa de compressão mais alta sem riscos de danos por detonação.


Sensor de oxigênio: também chamado de sonda lambda, é instalado no sistema de escapamento para analisar a qualidade da combustão da mistura ar-combustível, detectando se houver excesso de combustível (mistura rica) ou sua falta (mistura pobre). Em qualquer dos casos, a informação é transmitida para a central eletrônica do motor, para que reajuste a mistura.


Sincronizada: marcha que possui sincronizador e, por isso, pode ser engatada com o veículo em movimento. É o caso das marchas à frente de todos os automóveis atuais e da marcha a ré de alguns modelos, como Mercedes Classe A e Vectra desde 2001. No início da indústria brasileira os automóveis tinham primeira marcha "seca", sem sincronizador, o que exigia a parada do veículo para seu engate.


Sobresterço: comportamento em curva em que o veículo sai de traseira (as rodas traseiras perdem aderência antes), reduzindo o raio da curva. É raro em veículos de rua, por sua correção exigir maior habilidade do motorista, mas comum em modelos de competição, pois é apreciado pelos pilotos. Para corrigi-lo, em geral é preciso aumentar a aceleração enquanto se vira o volante para fora da curva.


Sonda lambda: ou sensor de oxigênio, é responsável por verificar, através de análise constante dos gases de escapamento, se a mistura ar-combustível despejada no motor está correta. Em caso de anormalidade, a central eletrônica é comunicada para corrigir a mistura.


Subabdominal: cinto de segurança com apenas dois pontos de ancoragem, nos dois lados do abdômen do usuário. O modelo de três pontos, além desta faixa, possui outra em diagonal passando pelo peito do ocupante.


Subesterço: comportamento em curva em que o veículo sai de frente (as rodas dianteiras perdem aderência antes), aumentando o raio da curva. É o mais comum em veículos de rua, por sua correção não exigir habilidade especial: em geral, basta aliviar o acelerador e virar o volante para dentro da curva para retomar a estabilidade.


Subchassi: elemento intermediário entre a suspensão (em geral dianteira, mas pode ser aplicado também à traseira) e o monobloco do veículo, que melhora a absorção de vibrações e irregularidades. Por si só, não melhora a estabilidade, mas o fabricante pode enrijecer um ou mais dos componentes da suspensão sem afetar o conforto, havendo então o benefício. É vantajoso também no reparo de acidentes que atinjam a suspensão, podendo eventualmente ser reparados sem intervenção no monobloco.


Sustentação: efeito aerodinâmico que tende a levar o veículo a erguer-se do solo, prejudicando a aderência e estabilidade. É o que causa a decolagem e a conservação no ar de um avião. Nos automóveis, pode ser reduzida com um desenho eficiente da carroceria e o emprego de spoiler e aerofólio. O efeito-solo (ground effect), gerado pelo fundo plano de antigos carros de Fórmula 1, visa a gerar sustentação negativa, pressionando o veículo contra o solo -- mas é difícil de aplicar a modelos de rua.


Transeixo: do inglês transaxle, diz-se de todo eixo motriz que contém a caixa de mudanças (transmissão + eixo). Pode ser traseiro ou dianteiro, mas não necessariamente acoplado ao motor. Alguns carros de motor dianteiro traziam conjunto câmbio-diferencial traseiro, como o Alfa Romeo 1750 Berlina, os Porsches 924/944 e o Plymouth Prowler; atualmente, Corvette e Maserati Coupé/Spyder.


Transmissão continuamente variável, CVT: possui uma correia ou corrente que liga duas polias de larguras variáveis. À medida em que as laterais de uma polia se afastam, a correia afunda em seu sulco; com as laterais mais próximas, ela corre superficialmente. Com movimentos contínuos e opostos (uma se abrindo, a outra se fechando), as polias alteram sensivelmente a relação de transmissão, como se houvessem marchas infinitas.


Trem de engrenagens epicicloidais: sistema de engrenagens constituído de uma engrenagem central (solar), por sua vez engrenada a uma coroa com dentes internos, mediante um trem contendo engrenagens chamadas planetárias. Dependendo de qual dos três elementos -- solar, planetárias e coroa -- seja imobilizado, a saída resultante ocorre sob diferentes relações de transmissão: de redução a multiplicação, e inversão (ré).


Turbocompressor de geometria variável: tipo de turbo que utiliza palhetas móveis na turbina, cuja geometria se modifica em função do regime de giros e da pressão de superalimentação. Com rotação e pressão baixas, as palhetas têm reduzida área de passagem dos gases, o que aumenta a velocidade desses gases: isso acelera o compressor, como se o turbo fosse de menor porte. À medida em que sobem os giros e a pressão do turbo, a posição das palhetas é controlada, aumentando-se a área de passagem dos gases e evitando que o fluxo seja ainda mais acelerado -- nesse momento, é como se o turbo fosse de grande capacidade.


Um-toque: função do controle elétrico de vidros que efetua a subida ou descida completa da janela a um único toque da tecla, podendo o movimento ser interrompido com outro toque. É particularmente útil nas paradas para pagamento de pedágio, pois permite mudar marchas e manter as mãos no volante por mais tempo.


Válvula de alívio: válvula usada para limitar a pressão de sobrealimentação do turbo. Como a turbina é acionada pelos gases de escapamento, a válvula de alívio cria um desvio para estes gases quando o turbo atinge a pressão máxima preajustada, impedindo que a pressão suba além deste patamar. Veja válvula pop-off.


Válvula pop-off: válvula usada para limitar a pressão de sobrealimentação do turbo. Quando a pressão máxima regulada é atingida, a válvula pop-off abre a linha de sobrealimentação, desviando o ar comprimido para atmosfera e limitando assim a pressão máxima. A vantagem deste sistema em relação à válvula de alívio é que ele mantém o turbo sempre em alta rotação, reduzindo o retardo do turbo (turbo-lag) e tornando as reações do motor mais rápidas. Mas isso provoca um desgaste excessivo do turbo, pois ele trabalhará sempre em rotação máxima.


Variador de fase: sistema mais simples e barato que o comando variável, mas com o mesmo intuito de fazer variar o tempo de cruzamento das válvulas. Isso é feito através da alteração de posicionamento do comando -- em geral apenas o das válvulas de admissão, mas em alguns casos também o de escapamento. O comando pode ser adiantado, por exemplo, em 25 graus em regimes elevados para propiciar melhor enchimento dos cilindros.

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